domingo, 4 de janeiro de 2015

Procura dentro de ti

A cidade parecia mais fria e obscura do que habitualmente. Por ti tão bem conhecida, mas desta vez caminhavas sozinha. Ganhaste coragem e foste percorrer o mesmo caminho, o mesmo jardim, os mesmos esconderijos. Desta vez não partilhavas o passeio com ninguém nem a tua mão gelada repousava numa outra, sempre quente. Ninguém te abraçava, nem te olhava com um sorriso terno. Muito menos te sussurrava ao ouvido palavras de uma paixão eterna. Estavas sozinha. 
Pensavas que por viveres de novo os mesmos caminhos, segredos e paixões ias conseguir sentir-te mais perto daquilo que já não tinhas. Mas não, estavas errada. Estavas ainda mais perdida e pedias com força que fosse tudo um sonho que esquecerias assim que acordasses. 
Mas não. 
Era real e estavas sozinha.
De cabeça erguida não hesitaste a fazer o mesmo percurso, a cheirar o mesmo Inverno e a adorar a mesma paisagem. Gelavas. Fechaste os olhos e rezaste. Rezaste mas ninguém te ouviu. Pediste, e ninguém respondeu.
Sem nada para dizer nem ninguém com quem partilhar os teus pensamentos, regressaste. Regressaste àquela que julgavas ser a tua casa, porque era lá que te encontravas, era lá que te sentias quente. 
Mas estavas sozinha. Uma vez mais, não havia ninguém para te acudir.
A força, foste-a buscar dentro de ti, quando já não acreditavas e quando julgavas não ter esperança. 
Mas quando se acredita, nem tudo é mau. E mesmo dentro de ti podes ter encontrado a resposta para as dúvidas que te assolavam. Procuraste-as longe, quando no fundo, sabias que devias ter olhado para ti primeiro.
Depois, mesmo sozinha, já sabias a resposta. E sorriste. 

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