É horrível ouvir sempre o mesmo, vindo de mil bocas: a decisão é tua. Eu sei, eu sei que a decisão é minha. Gostava só que todos me dissessem aquilo que eu queria ouvir. E chorei, fartei-me de chorar enquanto não me decidia a largar tudo e começar de novo, longe de casa. Mas decidi-me. Pus um ponto final nas indecisões que me tomaram horas e horas durante toda a semana. Anulei a segunda candidatura, pus-me em marcha e tomei consciência de que no próximo ano vou viver em Leiria. E é tão estúpido, tão mesquinho dizer que não custa nada. Custa, e muito. É já ali, tudo bem, não estou noutra parte do mundo, mas sair de casa, com dezoito anos, ficar independente, arranjar hábitos e responsabilidades do dia para a noite não é nada fácil. Mas como me disseram ainda há pouco, são precisas pessoas fortes, fortes de espírito, com experiências insubstituíveis. E é nisso que me vou tornar, mais forte ainda, mais consciente e responsável. E não tenho qualquer dúvida de que também vou aprender a dar valor a todas as pequenas coisas, como toda a gente diz, mas que nem metade tem noção do quão verdade isso se torna.
A vida são dois dias. E já lá vão...