quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Felt so real

Corpos. Muitos corpos juntos, amarrados, silenciosos. Roçavam-se uns contra os outros numa leve insegurança, numa vontade tremenda de se separarem. E ali, no meio, desamparada, sentia-os a chegarem mais perto, insensíveis e doentios, cheios de agonia e pavor. O escuro que roubava o resto de silêncio fugiu quando algo se quebrou. Estava escuro. Surgia então um odor quente e maleável, ácido. Fechava os olhos. Mas a escuridão dentro de mim era ainda mais seca, mais medonha. E um berro corrompia os meus ouvidos, chiava como se não houvesse saída. Talvez não houvesse, de facto. Estava tão perto. O coração pulsava, endoidecido, temendo parar. Não queria ouvir nada, ver nada, sentir nada. Ao menos que fosse rápido. Mas não foi. O terror infiltrou-se nos meus ouvidos, agarrei os joelhos com medo. Medo. Muito medo. Não sei se gritei, nem sequer senti. Apenas uma gota quente, que fugiu do meu olho, rumo ao infinito. E eu fui com ela.

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