sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sensações II

Num dia, cheguei, perdida nos meus próprios pensamentos e memórias, vagueando na mais antiga recordaçao. Procurei-te e tu não estavas. Ou se estavas, era de uma maneira muito pouco segura e nem o teu sorriso passava de um simples gesto nos teus lábios. Procurei, então, o mesmo sinal, o mesmo brilho que tinhas quando os teus olhos se cruzavam com os meus. Mas nada estava presente. O que foi que mudou, perguntei eu. O que foi que mudou para de repente passares a estar tão longe, tão ausente? Relembrei-te o passado, pensando que assim voltaríamos a estar como dantes, mas não quiseste ouvir. Fugiste. Pensava que o fim estava perto de alcançar, mas não podia. Não podia porque tudo aquilo que dissemos um ao outro tinha sido tão puro, tão verdadeiro que não podia mudar. Pensei eu. Mas se calhar enganei-me. Sei agora que não passou tudo de uma mentira. Uma mentira bem camuflada, porque apesar de eu saber que podia ser tudo uma ilusão, deixei-me levar. Fizeste com que me deixasse levar. Mas antes disso, tinhas-te tornado numa necessidade diária. Não queria deixar-te ir. Quando fechava os olhos eras tu quem eu via... mas de repente só o vazio. O teu brilho desapareceu e ficaste distante. Pensei que talvez tivesse sido eu a deixar-te escapar por estar tão deslumbrada com o sentimento. Tive medo, sim. Mas não desisti. Levei tudo até ao fim, até porque agora não tinha nada a perder. E então, desapareceste. Desapareceste e contigo levaste os espaços, os planos, os momentos... tudo. Estranhamente não me senti vazia, como se um pedaço de mim se tivesse perdido. Senti que me feriste, no orgulho. E surpreendeste-me. Pela positiva ou pela negativa. Não sei. Talvez ambas. Mas acima de tudo surpreendeste-me pelo modo como foste, sem deixar marcas. Não sei a razão, o porquê. Sei que não te mandei embora, mas foste. Era como se estivesse a sobrevoar todos os sentimentos, mas não conseguisse sequer tocá-los, nem senti-los, mas no íntimo, sabia que me pertenciam. E era assim também com a dor, com a desilusão. Mas deixou tudo de existir. Os sentimentos, as sensações ... Desapareceu tudo, assim como tu...




[adaptado]

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