Às
vezes gostava de ser mais preto no branco. Ser menos complicada, menos
acinzentada, mais pragmática. Ter a capacidade para dizer o que penso, sem rodeios,
sem andar a moer e a remoer a situação. Incomoda? Vamos falar acerca disso. O
problema, o real problema, é quem está do outro lado. É quem nos ouve, quem nos
vê, quem lê a nossa expressão mesmo sem dizermos ai!. E aí entram os milhares de estratégias que tentamos adoptar
para contornar a situação, sem sucesso. Nunca funcionei, nem funciono, com a
técnica de engolir sapos, muito menos
aprecio que não percebam, ou percebam mal, o que tenho para dizer. Mas há quem
nos detenha, quem nos faça pensar duas a três vezes antes de darmos o salto, antes
de cuspirmos tudo cá para fora, antes que seja tarde demais. Mas às vezes tem
de ser. Às vezes temos que dar uma grande bofetada no ar e um pontapé no sapo
que ficou entalado. De berrar os sentimentos que fomos acumulando, por termos
perdido o jeito de os explicar convenientemente. Às vezes custa, sabemos que a
reacção vai ser pouco confortável, sabemos que vão ser postas em causa muitas
outras coisas, muitos outros
sentimentos e situações. Mas às vezes tem mesmo de ser. E isto se queremos que,
às vezes, as coisas resultem. Às vezes,
não é nada fácil. Mas vale a pena. Às vezes.
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