segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Das pequenas, mas grandes diferenças

Estudar em Lisboa tem muito que se lhe diga. Ao contrário de se estudar num meio menos movimentado, mais rural até, como Leiria, Lisboa é só por si o caos. Primeiro que se chegue à faculdade entra-se e sai-se de três transportes diferentes, muito diferentes do tão simples Mobilis, que me levava a todas as pontas da cidade de Leiria. Quanto aos preços, já nem vou por aí, então na cantina, quase que me era permitido almoçar todos os dias com o que pago agora, por uma refeição. Mas o que me marca mais, e infelizmente não pelas melhores razões, são as pessoas. Tenho em crer que em Leiria, pelo facto da maior parte das pessoas se deslocar da sua cidade para tirar o curso com que sempre sonhou, fazendo imensos esforços, as pessoas são mais honestas consigo próprias e com os outros. Não é cá cada um por si, é "vamos ajudar-nos uns aos outros que assim fica mais fácil". Por outro lado, têm uma mentalidade aberta, são bondosas, sonham e querem sempre mais. Hoje, tudo isso que tive a sorte de encontrar lá longe, não existe nada disso. Existe sim o "eu sou melhor que tu", existe também o "não és suficientemente boa para isto". Não há cá grandes pessoas com grandes mentalidades, mas sim crianças que por pura infelicidade vieram parar à faculdade, estoirando mais de quinhentos euros dos seus queridos e ricos pais para se andarem a pavonear na faculdade e dizer que estão a tirar um curso. Mas depois, também há uma pequena minoria que vai para a faculdade para aprender e absorver tudo o que é disponibilizado, com uma enorme vontade de aprender e saber sempre mais, e a fazer valer esses mesmos quinhentos euros, como grande investimento que são. Dizem que o mundo é dos espertos, mas cá para mim a esperteza nunca levou a lado nenhum, muito menos às carreiras de topo. Pode levar concerteza ao crescente número de enfermeiros/as que se queixam diariamente do que fazem e que não têm nem paciência para eles, nem para o número exorbitante de pessoas doentes e carenciadas com que lidam. É triste. Para mim, é tristeza, não pessoas espertas. E quem lida com elas todos os dias, quem tem que trabalhar com elas todos os dias, somos nós. 

Isto foi escrito há cerca de uma semana. E quis crer que ia mudar. E mudou. 

1 comentário:

  1. Às vezes, parece que nos sítios mais movimentados e onde todos se concentram, é onde se encontra toda a futilidade das pessoas. E tens toda a razão, embora ainda não esteja na faculdade, apercebo-me cada vez mais disso, que existe muita gente que apenas entra na faculdade para estoirar dinheiro e gastar sola de sapatos, enquanto outros, têm o desejo de aprender mais. É realmente triste**

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