domingo, 7 de abril de 2013

Ler cautelosamente e com mente aberta

Há certas coisas que me tiram do sério. E depois há outras que me põe completamente fora de mim, nomeadamente este país! Já era incrivelmente perturbador saber como funcionava o nosso sistema de saúde, mas pior, e o que me choca ainda mais, é ver determinadas criaturas como esta tal fulana a que muitos chamam Exma Srª Dra. com que me cruzei hoje, a comportar-se como se o curso que tivesse tirado lhe conferisse alguma soberania, ou um belo de um pedestal, ou até que lhe desse o poder e, quiçá, legitimidade para agir com verdadeira arrogância e desprezo perante o doente que tem à frente e que, por acaso, era meu familiar. Já para não referir o pequeno pormenor de estar empregada numa das instituições privadas mais conceituadas de Lisboa. Queria lá ela saber o nome, ou qual tinha sido o diagnóstico anterior. O que ela gostou mesmo foi de ter a trombinha colada ao computador durante a consulta e criticar o outro serviço por ter administrado e receitado um antibiótico para tratar uma infecção renal. Qualquer indivíduo minimamente capaz, compreenderia que alguma coisa não estava a bater certo ali. E dar-se ao trabalho de fazer perguntas, fazer um exame físico, perguntar pela dor, ui e sujar as mãos? Deus me livre! Fica sentada na cadeirinha que aí é que estás bem! E a indignação de quando, por lapso e com a pressa de sair de casa, nos esquecemos de levar as análises? Caiu o Carmo e a Trindade àquela pobre senhora. Mas infelizmente e mais  vergonhoso ainda são as figuras que os meus queridos colegas enfermeiros, Deus-queira-que-não-faça-estágio-com-gente-desta, na hora de dar a pica para tirar o sangue, o que eles mais queriam saber não era do objecto (leia-se pessoa) que lá estava sentada. Muito mais giro era a nova música da Pink com o gajo dos Fun e o não-acredito-que-não-ouviste-ainda-é-bué-fixe. Pode não ser o mundo ideal. Não é de todo. Mas também não é o mundo real. Há alguma coisa muito errada com toda a esta gente e de uma geração muito anterior à minha. As minhas queixas não vão mudar nada? Pois não, nem sequer vão sair deste modesto blog, mas é triste e apresento aqui as minhas lamentações de que quem esteja à frente dos nossos hospitais, dos nossos serviços de saúde, a cuidar da nossa sociedade, sejam pessoas medíocres e incompetentes como estas. 

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